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sábado, 2 de abril de 2011

Enquanto isso no lado de cá...a culpa e outras reflexões.

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Essa semana a Alice está doentinha. Segunda feira a professora liga da escola, pedindo que alguém fosse buscá-la. Uma febre súbita, alta. Minha vontade era largar tudo, sair correndo e pegar minha pequena no colo. 

Mas eu não podia... Coube à minha mãe fazer isso.

Ah, pois é...não contei ainda mas estou trabalhando, de novo. Voltei à profissão para a qual me diplomei. Escritório novo, colegas novos, realidade nova e, principalmente, contato com rotinas e uma matéria que preciso estudar muito. Mas muito mesmo. Gosto de sentir segurança nas coisas que falo e escrevo; tenho que ir até o fundo e insistir. Mas reconheço que durante a faculdade (e toda a vida escolar) nem sempre tive maturidade para entender a grandeza do conhecimento que estava sendo passado no momento. Ou nem sempre tive a sorte de ter alguém que realmente cativasse e despertasse o interesse na matéria. Enfim...o fato é que tenho me dedicado bastante à esse novo trabalho. Além da óbvia necessidade financeira, existe a nem tão óbvia (mas muito forte) necessidade de realização pessoal. E vou confessar que gosto de me sentir capaz, produtiva. Aliás, quem não gosta?
Pois então foi assim naquela segunda-feira, muitas coisas para terminar no trabalho e o coração despedaçado por não poder correr ao encontro da minha filha.
Depois que saí do escritório fui com o pai dela num atendimento de urgência, onde foi constatado uma pequena infiltração no pulmão e – como de praxe – indicado um tratamento de alguns dias com nebulização, anti-mucolíticos e, para massacrar mais ainda meu coração e a minha alma – antibiótico. Confesso que cedi ao diagnóstico pois não tenho forças no momento para comprar brigas com o pai dela ou quem quer que seja. E também estou preocupada com a tosse dela que não cura há semanas. Cedi, então, ao tratamento. Claro que não vou ficar conformada e já estou à procura de um bom pneumopediatra e de um alergista para investigar isso mais a fundo.
Não está sendo nada fácil sair todo dia de manhã e deixar ela na minha mãe. Sei que ela está bem cuidada, a febre foi só aquele dia e cedeu logo, ela está indo faceira na escola. Mas a professora disse que ás vezes ela chora, e me chama... Minha mãe foi lá hoje de tarde fazer a nebulização e me ligou aos prantos porque ela obviamente chorou na hora da vovó ir embora. “Como assim a vovó veio e não vai me levar junto?”
E eu fiquei com vontade de chorar mais ainda, mas não pude. Não gosto e nunca gostei de misturar vida pessoal com trabalho, ainda mais um trabalho onde estou há menos de um mês.
E querem saber? Ás vezes acho que o mundo é muito sacana, mas muito sacana mesmo. Nós temos que ser profissionais, mães, mulheres lindas, perfumadas e bem penteadas, equilibradas, saradas, bons exemplos... E, de preferência, sem aqueles altos e baixos emocionais/hormonais típicos...de quem mesmo? Típicos das mulheres, vejam só. Pois é, mas o que nós somos mesmo? Ah, sim, quase me esqueci: nós somos mulheres, pô!
E quem diz que é fácil administrar tudo isso, que não sente nenhuma culpa em deixar a cria amada aos cuidados de outra pessoa, que nunca sente vontade de atirar tudo para o alto e gritar um palavrão bem feio e cabeludo... mente descaradamente, só pode. Ou descobriu alguma fórmula mágica (me conta?? Também quero!).
As únicas coisas que me reconfortam um pouco é primeiro saber que ao menos para mim, o trabalho engrandece a alma e a auto-estima; e quero que minha filha cresça com um exemplo saudável nesse aspecto. Afinal, auto estima (em níveis saudáveis) é a base de tudo, na minha opinião.  Tem também a constatação inevitável de que, ao menos nesse momento da minha vida, eu não tenho outra opção (em relação aos horários de trabalho e grau de dedicação -  que está sendo grande mesmo). Mas o que realmente me impulsiona para frente, me dá forças todos os dias para levantar e fazer tudo igual, correr o tempo todo é olhar para a Alice e ter a certeza que faça o que eu fizer na vida, desde que ela nasceu é tudo para ela e, principalmente, por ela.
Eu nunca contei aqui mas foi graças á minha filha que eu finalmente saí da adolescência com (cof, cof) trinta anos. Pois é, a Alice me deu de presente além da descoberta do amor incondicional, uma coisinha super importante na vida que se chama foco.
E assim eu sigo, esperando pela hora de chegar em casa e pegar minha filhotinha no colo, curtir os momentos em que apesar de eu estar um caco, são os mais felizes do meu dia.

6 comentários:

Daniele disse...

Entendo completamente a tua angústica. Quantas vezes meu marido saiu do trabalho (que é mais perto) e foi até a escola buscar o Guguinho porque a MÃE não podia deixar seu 'importante' trabalho na mão, é essa parte chata do 'trabalhar' que me incomoda, às vezes temos que ceder ao trabalho, não importa que nossa cria estaja mal (e a gente fique mal também) e é por essas e outras que me dá vontade de largar tudo p ficar com ele (e agora com a bebezinha q ainda está na barriga), mas enfim, a gente acaba fazendo por eles e nos convencendo disso... e tem o outro peso, que é a parte financeira, muito fácil falar que vai largar tudo, mas a grana, mesmo que curta, faz uma falta lá na frente... enfim, vamos seguindo, trabalhando, driblando os sentimentos e criando nossas crianças com todo amor que elas merecem!

beijocas viu!

Nine disse...

Sou solidária a você! Você está com os mesmos sentimentos que eu tive quando voltei ao travalho depois da licença maternidade! E minha filha estava assim, como a sua: uma tosse que não sara, febres...aconselho muito a ida num pneumopediatra e num alergista. A Ísis não tomou antibiótico e fez tratamento específico para bronquite. Teve várias crises no meio do tratamento, mas foram ficando mais espaçadas.

Sobre a revolta: concordo e muito com vc! Minha briga com o mundo atualmente é essa: por que eu tenho que ser essa figura perfeita que todos esperam?

Só posso te confortar...seja forte, com o tempo as coisas se ajeitam!

Com carinho,
NIne

Hope* disse...

Olá! Adorei o Blog! Sou nova aqui e estou descobrindo histórias maravilhosas! Desejo que a Alice fique melhor o mais rápido possível... Ah, esse negócio de culpa é mania de mãe ou vicio... Tb sofro desse mal! Tudo de bom para vcs!
Um Abç!

seguindo...

Beta disse...

Rapha: Seja bem vinda!

Nine, pois é...esse lance da cobrança em cima da gente é uma coisa muito sacana e surreal.

Daniele: sei bem o que tu sente, e coisa boa que teu marido te dá essa força. O pai da Alice até está ajudando, mas logo vamos nos mudar (eu e a Alice) para um apto e aí as coisas irão ficar mais por minnha conta. Mas vamos levando, né?

Gurias, vcs são incríveis. Valeu muito a força, de verdade!!!

Bjão

Roteiro Baby disse...

Putz!
Na primeira vez que minha filha ficou doente eu estava cheia de trabalha e grandes responsabilidades no escritório... não estava lá durante as crises de febre, não levei ao pediatra, não dei o primeiro remédio da vida dela... quem fez isso foi marido e babá.
Quase morri... passou, mas com aquela culpa que insistimos em carregar, mesmo quando conscientes de que fizemos o melhor.
Ser mãe tem essas coisas...
Melhoras para a sua pequena.

Elaine Vaz disse...

Hello Beta

Amei o blog e principalmente o fato de ver o quanto meus medos e inseguranças são tão comuns pra todas as mamães...Tenho 36 e mãe pela primeira vez e como você achei que minha "adolescência tardia" duraria ainda por muito tempo mas...nesses primeiros 3 meses foram fundamentais na minha passagem...ainda bem!!!
Agora além de pensar no que fazer e como fazer grávida com tantas responsabilidades, fico no dilema de desempegada agora e durante meus primeiros 6 meses...será na mesma proporção que você quando retornar no mercado de trabalho e minha doce florzinha Maria Clara ficar longe...
Coragem Beta porque tenho certeza que será mais uma boa passagem na vida de uma mãe super mega forte.
Melhoras pra vocês meninas!!