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sábado, 9 de abril de 2011

Blogagem coletiva: maternidade real.

 
Eu sei que tou nos 45 do segundo tempo para falar no assunto (aliás, belíssima iniciativa da blogsfera, valeu Carol). E pensei mesmo em várias coisas para escrever mas todas as mães-colegas-blogueiras-mulheres reais que conheço virtualmente já falaram tudo, enfim. Concordo com muitas coisas que li. E me sinto um pouco mais normal (ou um pouco menos freak?) quando vejo que a culpa parece ser um sentimento que (infelizmente) vem de braços dados com a maternidade. 


E concordo: as espectativas (nossas, dos outros, do cachorro, do gato, do passarinho...) atrapalham e muito. E não ajuda nada a convivência (física ou virtual) com mães que insistem em dizer que " - Para mim é/foi tudo tããããão perfeito, não sei qual o teu problema..." e te olham com aquela cara de quem tá no Zoo vendo o último urso panda criado em cativeiro (oiiiii olheiras de mães que dormem pouco!!!). Enfim.

 O que posso complementar

Eu não tinha a menor noção da realidade da maternidade (alguém tem???) antes de...bem...ser mãe. Tá aí uma experiência que é como aquela viagem de intercâmbio para um país onde a gente não sabe falar a língua nativa, só conhece por documentário e por mais que os amigos que já tenham ido até lá te cubram de dicas e relatos, a gente SEMPRE ACHA QUE NA NOSSA VEZ VAI SER DIFERENTE (háháhá...eu caí nessa pegadinha do meu próprio ego, e vcs?).


A gravidez em geral é como aquela fase pré-viagem, pré- aventura. Sabe quando a gente olha mil folhetos, risca e rabisca o mapa fazendo planos de vou aqui e vou ali? Quando a gente faz listas das coisas m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s que quer trazer? Dos lugares incríveis que quer fotografar? Então...a gravidez é isso... Planos, planos e planos. 
E muita idealização, muito sonho, fofurices e gente te paparicando. 

A barriga é a estrela da vez. Eu, por exemplo, não tinha sossego...minha barriga (que eu exibia com MUITO orgulho) era parada até na fila do super. 
Cara, uma vez eu super concentrada escolhendo toalhas de banho num lojão do centro da cidade, barriga de 39 semanas explodindo, de repente dou um pulo, maior susto quando sinto uma mão estranha deslizar em cima do meu umbigo. Era uma moça (cara de pau master, crianças: jamais toquem uma barriga grávida sem pedir antes, ok?) que me olhou e disse: "- Ahhh,  que barriga linda, eu tinha que tocar!". Eu só conseguia grunhir: "-Hunnnghh..." (na minha cabeça passava algo do tipo: "&%$#@!J*&¨", saca?).

Então o grande dia chega, a gente vai lá toda emocionada, malas prontas para a maior aventura de nossas vidas. E querem saber? Vai ser a maior aventura mesmo. Mas esquece aquela coisa "Fantasy Island" e pensa em algo mais no estilo "Perdidos na Selva" (e sem bússola, fósforo, mapa,  GPS, celular e sem o manual do escoteiro mirim).

 Pois então, mesmo com todo o sufoco dos primeiros tempos porque olha só, imagina cair literalmente de mau jeito num lugar onde ninguém compreende o que tu fala e tu também não entende bem dizer...nadinha do que estão falando, afirmo com a maior convicção que a maternidade é uma experiência encantadora e arrebatadora. 

 E, como toda imersão na vida selvagem ou numa cultura muito diferente da nossa, as dificuldades não são poucas... 


Uma vez li uma frase sensacional que, para mim, resume tudo: 


"Padecer no paraíso? Que nada! Ser mãe é se divertir no inferno...". 


Pois é. Já me culpei (e me culpo ainda, mas por outras coisas), me rasguei, me estressei, lutei, chorei e principalmente: mudei. Mudei como mulher, como ser humano e acho que apesar de ser um pouco doloroso (por causa do choque inevitável com a realidade), mudei para melhor. 

 Então, sabe aquela história que as viagens mudam a gente sempre? Pois é, informo que a maternidade é literalmente uma viagem...com a diferença que a gente nunca volta. E geralmente acha bom. Bom não, acha ótimo!  

 E sim: a sua vida nunca mais será a mesma.

 Sim: dificilmente você será como a Gisele no pós parto (a Galisteu não conta pq é óbvio que aquilo foi photoshop, néam?). Eu digo que acho a Ivete Sangalo uma coisa mais assim...realista? Então...

Sim: por um tempo você viverá como se estivesse meio fora de órbita, biruta, as pessoas talvez te achem meio estranha mas quem te ama de verdade jamais vai achar isso um problema (#estadopuerperalsucks). Mas calma, isso passa! Palavra!

 E sim, sim, siiiiiim: o seu mundo vai virar do avesso, de ponta cabeça, virar estrelinha e fazer polichinelo. Você muitas vezes olhará para o céu e pensará: "- O que foi que eu fiz com a minha vidinha que era tão minha, ó Senhor ????" (para se arrepender 20 segundos depois e se sentir uma monstra por uma semana por causa desse pensamento).  



Irá suspirar quando ver as fotos de suas amigas sem filhos na balada, mas quando sentir o calor daquelas mãozinhas te fazendo carinho no rosto, o cheirinho daquele cabelinho e ganhar aquele abraço tão apertado vai ter mais certeza ainda de que isso sim é felicidade - o resto é acessório. 


 E sim, definitivamente SIM: vai rolar a maior  identificação, além de surgir muitas amizades com outras loucas mulheres que assim como você embarcaram num safari e resolveram morar na selva. Que matam leões todos os dias, enfrentam feras e correm de um lado para o outro penduradas muitas vezes em cipós (oi Tarzan!). Que se desapegaram de muitas coisas porque viram que elas não faziam tanto sentido e afinal não tinham tanto valor assim. Que se apegaram em muitas outras coisas que de repente começaram a fazer sentido e a ter muito valor.   



E que - assim como eu -  são tremendamente felizes nessa aventura diária e deliciosamente insana chamada maternidade.

4 comentários:

Lua Ugalde disse...

PERFEITO!Vc foi perfeita na sua fala!!
Adorei o se divertir no inferno!! Muito mais realista!!rsrsrsr

Mas falando sério, ser mãe é a maior e mais arriscada viagem que podemos fazer. uma viagem onde somos o guia e não somente de nós mesmos, mas da pessoa mais importante de nossas vidas.

Depois de ler mtos post dessa blogagem acho que a lição que tirei foi que apesar dos erros, culpas e duvidas. Somos todas as melhores mães que podemos ser e é isso mesmo que temos que passar para nossas crias, essa vontade de sermos o melhor, mas aceitando as imperfeições próprias dos seres humanos!

bjos

www.devaneioslunares.blogspot.com

Beta disse...

Cara, valeu muito pelo comentário!!!
Bah, pode ter certeza que deixou meu sábado melhor, hehehe.
Mas sério, tb acho que a maternidade é uma viagem estilo "rumo ao desconhecido" e que entre erros, acertos, risos e lágrimas, no fim das contas somos mesmo as melhores mães que podemos.
Bjão

Nine disse...

Nossa, cheguei super atrasada no seu texto, pois estava de férias, mas tive que comentar! Amei a comparação da maternidade com a selva e vc teve a coragem de expressar um pensamento que por vezes surge na minha cabeça, quando as coisas ficam difíceis e vc se lembra de como era bom quando a sua vida pertencia apenas a ti mesma e a mais ninguém. Parabéns!

Beijos,Nine

Beta disse...

=)
Obrigada!
Pois é...duvido que exista uma só mãe no mundo que não tenha pensado isso alguma vez...hehehe. Mas a gente pensa e se arrepende segundos depois, faz parte.
Bjo