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terça-feira, 20 de julho de 2010

A amamentação (olha ela aqui de novo!), a livre demanda e a minha avó Helena...



Hoje me peguei pensando num dos conselhos mais legais que ouvi logo que a Alice nasceu.
E não me surpreende em nada que ele tenha vindo justamente da minha avó, mulher que está longe de ser o modelo convencional de donda de casa, mas é sim um ser humano fantástico. Uma mulher cheia de qualidades e defeitos, humana e real. Sem essa de vovozinha de histórinhas infantis...minhas duas avós nunca se encaixaram bem nesse perfil. Mas uma delas partiu para o seu vôo solo definitivo,  curiosamente menos de um mês antes de eu engravidar...um de nós foi e um de nós veio. O nome dela era Joana e não conheceu a Alice, que pena. Teriam se dado bem, tenho certeza...
Volta e meia penso nela e sinto uma saudade boa; é...os avós deveriam ser eternos.

Mas a bisa Helena conheceu, e conhece bem a Alice. Disse inclusive que ela era a minha cara quando nasceu (isso foi SÓ quando nasceu porque depois ela foi mudando e ficando a cara do pai).
E foi na primeira vez que ela segurou a primeira bisneta no colo que me disse uma das coisas mais bonitas que já ouvi.
Eu estava atordoada, exausta, sentindo muita dor e tremendamente estressada por causa das intercorrências traumáticas que me aconteceram por causa da anestesia...o quarto cheio de visitas (minhas e da moça que estava na outra cama) e eu só queria tentar achar um eixo, o meu eixo dentro daquele universo totalmente novo que de uma hora para outra eu fui arremessada. 

Aí a minha avó pega a Alice no colo, olha para mim e relembrando quando minha tia nasceu me diz:

 " - Quando a tua tia nasceu ela era tão mirradinha que parecia prematura, por pouco não cabia numa caixa de sapato..." (a gravidez tinha sido bem complicada e minha tia nasceu bem debilitada, se fosse hoje certamente teria ido parar numa UTI neonatal mas há mais de cinquenta anos acho que isso nem existia).
Eu já conhecia essa história de cor e salteado mas de repente ela contou um detalhe que eu desconhecia e foi algo que fazia um incrível e oportuno sentido naquele momento da minha vida: 

" - As enfermeiras vinham no quarto e me falavam para colocar ela no seio só a cada duas horas, e que não tinha importância se ela chorasse...que tinha que acostumar e era assim mesmo. Mas eu não dei ouvidos. Quando ela chorava eu ia lá e botava ela para mamar, ficava com ela no colo. quase todo o tempo. Em seguida ela começou a ganhar peso e quando voltei no hospital para ver o médico umas semanas depois ninguém acreditava que era o mesmo bebê, ela já tinha até dobrinhas..."

E isso foi há mais de cinquenta anos.

Há mais de cinquenta anos deram para minha avó um conselho que eu também ignorei (ter horário rígido para mamar e deixar chorar - e o pior que ainda hoje há quem defenda isso). E há mais de cinquenta anos atrás minha vó ouviu a voz do seu próprio coração e fez o que sentia ser melhor e acertou. A criança debilitada que por pouco não ficou no hospital se recuperou rápido, com saúde porque a mãe dela ousou ir contra as (estúpidas) 'regras' que existiam ou que queriam que ela acreditasse que existiam. 

E sem se dar conta, minha avó foi a primeira pessoa que me incentivou na amamentação em livre demanda, e cada vez que lembro disso fico com lágrimas nos olhos de admiração e gratidão. 
Para ela pode ter sido só mais uma lembrança da juventude que ela dividiu, mas para mim foi uma lição de vida, um incentivo, um exemplo prá lá de positivo.
As pessoas hoje em dia se tornaram tão fechadas em torno de si e das coisas que buscam freneticamente obter que acabaram perdendo grande parte da beleza da troca de experiências entre as gerações. Que pena! 

E podem passar mais cinquenta anos que vou sempre lembrar do melhor conselho que ouvi na minha estréia nesse mundo maluco que é a maternidade...e podem ter certeza que assim como a minha avó eu vou passá-lo adiante.

Ps: E SIM, sou completamente favorável à amamentação e colo em livre demanda!!!!


*foto: arquivo pessoal

10 comentários:

Sarah disse...

Que lindo texto Beta. E que conselhos maravilhosos. A experiência muitas vezes nos ajuda mais do que livros e pitacos vazios. Também sou a favor da amamentação e colo em livre demanda e acho simplesmente impossível deixar o bebê chorar!
um beijo

Danizinha disse...

Adoreiiii o textinho, me vi nele, como é bom a gente se identificar assim... a Valentine mama bastante, e eu desfruto destes momentos tanto qto ela mas sábado passado inacreditavelmente ela ficou 4h sem mamar e eu tive inicio de mastite, bom resumindo foi horrivel tive febre, muitas dores no peito esq. o leite empedrou um pouco mas hj depois de passar o findi massageando e esgotando o peito e tomando analgésico e antibiótico estou melhor. Mas amiga uma coisinha vou ter q discordar, colo em livre demanda... colo de mãe e pai até pode ser, mas passo os findis na casa dos pais do Be e a Valentine passa quase q o tempo todo no colo do meu sogro, da sogra e da minha cunhada e depois quem diz q ela quer ficar no berço ou no carrinho é só colocar ela ali e começa a choradeira, qdo voltamos para minha casa é uma luta pra ela ficar no carrinho afinal de contas não posso passar o dia com ela no colo... mas aos poucos vou ter que cortar essa mimação deles.
Temos q nos encontrar pra trocar figurinhas.
bjão

Kah disse...

Engraçado... Minha avó também não entende essa coisa de mamar de tantas em tantas horas... Ela acha que livre demanda é a coisa mais natural... E eu achando que a geração dela que tinha esse ponto de vista! Estava enganada...

Beijos

Mariana - viciados em colo disse...

Minha avó me disse a mesma coisa! Ela não foi tão decidida quanto a sua e obedeceu por uns dias a "regra" do tantas-em-tantas horas: se minha mãe estivesse dormindo, ela acordava, se estivesse chorando tinha que esperar o relógio... Chorava ela e a bebê!
Quando Alice nasceu, me disse: filha, dá o peito que ela quiser, aos poucos ela vai regulando... e me contou como tinha sido há 55 anos atrás...
É isso aí: colo e peito em livre demanda, daqui a pouco a demanda será nossa... vamos aproveitar!

Mariana disse...

Não tive minha avó por perto, sinto falta dela. Mas também sou a favor da livre demanda de tudo!!! Amor, mamada, carinho, paparicos. Bjs

LUA disse...

Eu que perdi a avó semana passada tenho me lembrado muito dos coselhos da bisa...Como a minha peqlivremente!!!!uena é horrivel para comer, ela dizia"Calma, Luana, criança que não quer comer, ou já comeu, ou ainda vai comer..."ensinamentos da Vovó, sempre valiosos...
Quanto a amamentaÇÃO, SOU BEM ADEPTA A LIVRE DEMANDA!!!Malá mamou até os seis meses exclusiva e rsrsrs

LUA disse...

Eu que perdi a avó semana passada tenho me lembrado muito dos coselhos da bisa...Como a minha peqlivremente!!!!uena é horrivel para comer, ela dizia"Calma, Luana, criança que não quer comer, ou já comeu, ou ainda vai comer..."ensinamentos da Vovó, sempre valiosos...
Quanto a amamentaÇÃO, SOU BEM ADEPTA A LIVRE DEMANDA!!!Malá mamou até os seis meses exclusiva e rsrsrs

Andrea Bettiati disse...

oi Beta, tudo bem? Adorei seu post, a Lulu foi prematura e so pode mamar depois de 15 dias de UTI, se vc ler meu primeiro post do meu blog esta tudo la!!! Ela mamava livremente, e engordava 50 g por dia, inacreditavel para quem nasceu tao debilitada!!! Ela mamou ate 1 ano e 8, qdo decidiu parar sozinha, e nunca teve regra ou horario para as mamadinhas!!!! saudades...... beijosssssssssss

lunaolargachupeta.blogspot.com

Beta disse...

Pois é gurias, esse assunto (livre demanda) realmente não é uma unanimidade...
A única coisa que realmente vejo que não mudou é a sabedoria das gerações passadas. Tão legal ver que existem mais mulheres que valorizam isso!!!
Obrigada gente, de coração!

Voltem sempre, participem, opinem, opinem e opinem!

Bjo

Mah Teixeira disse...

Estou visitando seu blog pela primeira vez..sua filhota é muito linda...E nossos avós são sábios,já viverão de tudo nessa vida,por isso devemos escutar sempre o que nos dizem..Bjkas